Não se fazem mais crianças como antigamente. Nem crianças, nem pais, nem mães. Aliás, não se fazem mais famílias como antes... Nas últimas cinco décadas a composição familiar passou por transformações vastas e, ao que parece, vieram para ficar. Muita coisa mudou por completo. Afinal, imagine que frases como "Quando seu pai chegar vou contar tudo para ele!" eram muito ouvidas pelas crianças do passado e hoje não fazem o menor sentido. Parece bastante difícil imaginarmos hoje uma mãe que passe os dias cuidando dos filhos e sempre à espera do marido, pai e provedor, único capaz de restabelecer a ordem e a autoridade no lar. Tanto a estrutura
quanto a sobrevida da antiga unidade familiar transformaramPorém, as antigas questões, aquelas que deram origem à terapia familiar, continuam sendo tema de quem nos procura. Um membro da família acaba sendo identificado como ?problemático?, seja por questões psiquiátricas, doenças físicas, drogas, alcoolismo ou qualquer outra temática que afete indiretamente o grupo familiar.
Dentre todas as transformações que abordamos, talvez a mais preocupante delas seja o esvaziamento dos valores éticos e da convivência entre pais e filhos. Atualmente, a relação acaba frequentemente pontuada pelas trocas materiais. Se antes ganhar um brinquedo ou o que quer que fosse era dado por merecimento, hoje temos mães e pais ausentes presenteando os filhos a todo momento, trabalhando exaustivamente para pagar a conta de suas faltas. Objetos materiais são dados de forma compulsiva e facilitada pelos cartões de crédito e cheques especiais. As trocas centram-se nos bens materiais, quando, na verdade, a convivência, o valor da palavra e do afeto é que são as matrizes da personalidade dos indivíduos. Valores fundamentais têm sido substituídos por coisas e objetos que não fornecem auto-estima e nem parâmetros para as escolhas que essas crianças terão que fazer ao longo da vida.
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